domingo, 1 de fevereiro de 2015

Igreja de S. Martinho de Salreu

No mais antigo documento escrito que chegou aos nossos dias com o nome de Salreu, então na forma de “Sarleo”, consta já a sua igreja dedicada a S. Martinho de Tours. Tem este documento duas versões, ambas actualmente à guarda do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Uma, com a data de 1076, está no Livro Preto da Sé de Coimbra, fl. 49, de cujas primeiras linhas reproduzimos a imagem anexa. A segunda versão, datada de 1106, é um documento avulso do Cabido da Sé de Coimbra, Documentos particulares, 1.ª incorporação, mç. 2, doc. 31. O texto que aí se encontra refere-se a um conjunto de herdeiros de propriedades rurais, na zona de Salreu, também descendentes dos fundadores da respectiva igreja, à qual entregam terras de cultivo ao seu redor.

A igreja anterior à actual, provavelmente aquela primitiva de 1076, ficava ao fundo da rua de S. Martinho, no sítio do Adro-Velho, justamente rodeado pelos terrenos que ainda hoje se chamam de Passal, uma reminiscência dos passais doados em 1076 e que contribuíram para o sustento do culto até ao século XIX.

Entre 1663 e 1668 começou a construção da actual igreja, substituindo a antiga que se encontrava em mau estado. Deve ter sido inaugurada em 1673, pois é a data que ficou registada na pedra por cima da sua porta principal, e é também o que consta na Memória Paroquial de 1721. Aí é caracterizada a igreja como sumptuosa, acrescentando-se ter sido construída pelo povo sem ajuda. Porém a edificação da capela-mor, que era devida ao prior, ainda estava por fazer em 1673.


Na Memória Paroquial de 1721 registam-se quatro altares, além do de São Martinho na capela-mor: N. S. Rosário, Senhor dos Passos, Almas, e Espírito Santo. A Memória Paroquial de 1758 aponta diferenças, indicando o Santíssimo Sacramento, Nossa Senhora do Rosário, Espírito Santo, e Santo Cristo, e acrescenta a existência das irmandades dos Passos e das Almas.

Em algumas corografias e dicionários geográficos portugueses do século XIX salientam-se as características do edifício, designadamente o ser uma «grande egreja de naves» (está dividida em três anves), ter bons ou óptimos passais, e boa casa de residência paroquial.


Ao longo dos anos vários restauros se fizeram na igreja. Um dos principais ocorreu cerca de 1878, quando se alterou a fachada, abriram-se novas janelas, foi ampliada a capela-mor e alteada a torre, construídos anexos e aplicados estuques. Entre as obras de vulto mais recentes salientam-se as concluídas em 1990.

In O Jornal de Estarreja, n.º 4678, 22.11.2013, p. 2

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